Docência, amor e gênero em pesquisas brasileiras do século XXI: implicações curriculares
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v20i52.1323Palavras-chave:
docência, amor, gêneroResumo
Este artigo tem como objetivo analisar um conjunto de dez pesquisas realizadas em Programas de Pós-Graduação brasileiros neste início do século XXI que abordam o tema do amor em sua relação com a Educação. Ancorado nos Estudos em Docência e nos Estudos de Gênero de uma perspectiva pós-estruturalista, parte do questionamento sobre como o gênero atravessa e dimensiona o par docência e amor nas pesquisas e quais as implicações para a formação docente a partir da perspectiva do currículo como percurso e como produtor de modos de ser docente. Articulando análises de duas pesquisas de doutorado desenvolvidas na região sul do Brasil, vinculadas a um projeto de pesquisa mais amplo, em um Programa de Pós-Graduação em Educação, examina o conjunto de pesquisas, organizando-as em três grupos e operando com o conceito-ferramenta gênero, articulado ao par docência e amor. Tal articulação possibilita mostrar a coexistência de, pelo menos, três perspectivas para compreender o par docência e amor: uma mais polarizada acusa ou acata o amor como marca histórica da docência e como atributo feminino; a segunda perspectiva desconsidera uma docência generificada; e a terceira amplia a compreensão de amor como uma marca generificada ligada ao sexo. Ao final, defende-se o argumento de que é necessário abordar o par docência e amor de forma intencional e deliberada nos currículos dos cursos de formação de docentes.
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