Implicações das recomendações da OCDE para a Educação Superior na América Latina e no Caribe
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v28i62.1761Palavras-chave:
Educação Superior, Organismos Multilaterais, América Latina e BrasilResumo
O artigo problematiza as recomendações dos organismos multilaterais para a educação superior, discutindo o papel central que assumem na América Latina e no Brasil, enfatizando a convergência de suas diretrizes para a tendência histórica assumida pelo Estado brasileiro em restringir o público e estimular o privado. O objetivo é analisar elementos importantes das políticas promovidas pelos organismos internacionais para a agenda global da educação, destacando aqueles subjacentes ao discurso do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como as implicações dessas políticas para a região. Pesquisa bibliográfica sobre a temática com a análise de documentos, buscando apreender os elementos subjacentes, anunciados ou velados das políticas desses organismos para compreender como se articulam ou revelam contradições com o projeto hegemônico da educação determinada pelo modo de produção capitalista. O referencial teórico explora e mapeia as orientações dos documentos do BM e da OCDE para a educação superior e suas implicações sobre a América Latina orientadas pela economia do conhecimento. As reflexões apresentam argumentos que levam à conclusão de que as orientações e prescrições de políticas educacionais protagonizadas pelos organismos multilaterais vêm induzindo reformas neoliberais e interferindo significativamente na educação superior na América Latina e no Brasil, mostrando-se diretamente articuladas aos princípios da economia do conhecimento.
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