Educação 2030 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico: indução e riscos de um modelo curricular de formação
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v28i62.1741Palavras-chave:
OCDE, formação, currículoResumo
O artigo busca analisar criticamente o documento “Education 2030: The Future of Education and Skills”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado em 2015. Segundo o documento, novas competências e habilidades são consideradas como essenciais para os desafios da próxima década e, por isso, as gerações devem ser formadas atendendo a essas prerrogativas educacionais. O problema investigativo caracteriza-se pela seguinte pergunta: que modelo de educação está presente no documento “Education 2030: The Future of Education and Skills”? O objetivo é analisar os pressupostos formativos presentes no documento, seus interesses, impactos e finalidades, a fim de apresentar os aspectos limitados de um modelo de formação educacional. Em relação ao objetivo, trata-se de uma pesquisa exploratória, analítica, com método histórico e metodologia dialética. Quanto à coleta de dados, trata-se de pesquisa documental. Os pressupostos teóricos e epistemológicos serão Harvey (2016), Bauman (2007) e Nussbaum (2015). Portanto, o documento da OCDE, ao propor um currículo homogêneo para os países, desconsidera a autonomia, independência e as particularidades de cada nação, região e local, para pensar, organizar e definir seus currículos formativos às novas gerações, além de indicar um conjunto de competências e habilidades que reforçam a lógica da educação como prestadora de serviços para o desenvolvimento econômico neoliberal.
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