A dinâmica relacional no “afrocentramento” do currículo: por uma política da diferença
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v29i65.1927Palavras-chave:
currículo, Relações Étnico-Raciais, diferençaResumo
O objetivo deste texto é discutir a dinâmica relacional que envolve o afrocentramento, abrindo a abordagem à diferença. São apresentados pressupostos teóricos nos campos do currículo e das relações étnico-raciais. Currículo é tratado como política cultural. Já relações étnico-raciais, como conjunto ativo de respostas em relação a questões em debate que guiam as demandas em disputa. O caso da cultura afro-ameríndio-maranhense – no contexto da amefricanidade – e seus rastros autobiográficos são mobilizados de modo a ilustrar e a compor o quadro argumentativo em defesa da diferença como abertura, fluxo de sentidos. Sem a pretensão de esgotamento, este trabalho salienta que o caráter de afrocentramento vem se constituindo como tática diante dos históricos ataques eurocêntricos. No entanto, há risco – quando predomina o apagamento do caráter aberto dos processos de identificação e singularidades – de que não se possa dar conta do que a experiência afro-maranhense e a autobiografia apontam como exemplos da dimensão relacional e da impossibilidade de sutura. A diferença remete à imprevisibilidade e ao acontecimento, inevitáveis ao novo, diante de sedimentações.
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