Avaliação Nacional da Alfabetização no contexto escolar: um olhar para as concepções docentes e da gestão educacional
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v24i51.1160Palavras-chave:
Avaliação Nacional da Alfabetização, ensino de alfabetização, avaliação das e para as aprendizagens, organização do trabalho pedagógico.Resumo
Este estudo objetivou refletir sobre as implicações da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) no cotidiano da prática alfabetizadora de duas professoras e de uma profissional da equipe gestora de uma Unidade de Ensino vinculada à Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. A pesquisa está ancorada em Freitas (2005a, 2005b, 2007, 2012, 2016), Freitas et al. (2012), Luckesi (2011), Vázquez (1968) entre outros autores, por trazerem contribuições substanciais a este campo do conhecimento. Como técnica de investigação, foram realizadas entrevistas semiestruturadas no segundo semestre de 2017, direcionadas à gestora e às professoras alfabetizadoras que atuavam no 3º ano do Bloco Inicial de Alfabetização. Alguns temas foram priorizados, tais como: a importância (ou não) das avaliações externas para a aprendizagem dos estudantes e para o encaminhamento do trabalho em sala de aula e na escola, sentimento no momento de aplicação e diante do resultado da ANA; apropriação e análise dos resultados aferidos e utilização (ou não) desses índices para a organização do trabalho pedagógico. Os resultados realçaram como essa política educacional mantém a escola e os profissionais sob pressão, sobretudo a responsabilização que os sujeitos vêm sofrendo. Enquanto a gestora manifestou preocupação em elevar os índices, as alfabetizadoras, por outro lado, revelaram compromisso com uma análise mais pedagógica que dialogue com a construção heterogênea das aprendizagens.
Referências
ADRIÃO, Theresa; BORGHI, Raquel. Organização do trabalho escolar e exclusão educacional: caminhos, desafios e possibilidades. In: CORREA, B. C.; GARCIA, T. O. (Org.). Políticas educacionais e organização do trabalho na escola. São Paulo: Xamã, 2008.
ARAÚJO, Ivanildo Amaro de. Escolas visíveis ou invisíveis? Sentidos e efeitos das avaliações externas no contexto escolar. In: ENDIPE, 16. Anais [...] Campinas, SP: Unicamp 2012. p. 01-15.
ARROYO, Miguel Gonzáles. Ciclos de desenvolvimento humano e formação de professores. Educação e Sociedade, Campinas, SP, ano XX, n. 68, p. 143-62, dez. 1999.
BONDIOLI, Anna. O projeto pedagógico da creche e a sua avaliação: a qualidade negociada. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
BRASIL. MEC anuncia Política Nacional de Alfabetização para reverter quadro de estagnação na aprendizagem. INEP, 2017a. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/mec-anuncia-politica-nacional-de-alfabetizacao-para-reverter-quadro-de-estagnacao-na-aprendizagem/21206. Acesso em: 7 nov. 2017.
BRASIL. Ministério da Educação - MEC. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Educação é a Base. Ensino Fundamental. Brasília, dez. 2017b.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA): documento básico. Brasília: INEP, 2013.
BRASIL. MEC. Portaria n. 867, de 4 de julho de 2012. Institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e as ações do Pacto e define suas diretrizes gerais. Brasília, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Coordenação Geral de Ensino Fundamental. Programa Mais Alfabetização. Manual Operacional do Sistema de Orientação Pedagógica e Monitoramento. Brasília, abril 2018.
DISTRITO FEDERAL. Diretrizes de Avaliação Educacional: aprendizagem, institucional e em larga escala. Brasília: SEEDF, 2014-2016.
DISTRITO FEDERAL. Diretrizes Pedagógicas para Organização Escolar do 2º Ciclo para as aprendizagens: BIA e 2º Bloco. Brasília: SEEDF, 2014.
FREITAS, Luiz Carlos de. A organização do trabalho pedagógico no contexto atual do ensino público brasileiro. Entrevista. Crítica Educativa, Sorocaba, SP, v. 2, n. 1, p. 202-26, jan./jun. 2016.
FREITAS, Luiz Carlos de. Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Educação e Sociedade, Campinas, SP, v. 33, n. 119, p. 379-404, 2012.
FREITAS, Luiz Carlos de. Eliminação adiada: o ocaso das classes populares no interior da escola e a ocultação da (má) qualidade do ensino. Educação & Sociedade, Campinas, SP, v. 28, n. 100, Especial, p. 965-87, out. 2007.
FREITAS, Luiz Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. 7. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005a.
FREITAS, Luiz Carlos de. Qualidade negociada: avaliação e contra regulação na escola pública. Educação Sociedade, Campinas, SP, v. 26, n. 92, p. 911-33, Especial, out. 2005b. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73302005000300010&script=sci_abstract&tlng=pt
FREITAS, Luiz Carlos de et al. Avaliação e políticas públicas educacionais: ensaios contra-regulatórios em debate. Campinas: Leitura Crítica, 2012a.
GATTI, Bernadete Angelina. Políticas de avaliação em larga escala e a questão da inovação educacional. Série-Estudos, Campo Grande, MS, n. 33, p. 29-37, jan./jul. 2012.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 202p.
HYPOLITO, Álvaro Moreira. Processo de trabalho na escola: algumas categorias para análise. Teoria & Educação, Porto Alegre, RS, n. 4, p. 3-21, 1991.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011.
LÜDKE, Menga. Evoluções em avaliação. In: FRANCO, C. (Org.). Avaliação, ciclos e promoção na educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
MAGALHÃES, Priscila Maria Vieira dos Santos. As artes de fazer da avaliação fabricadas no cotidiano escolar: um olhar para as táticas avaliativas dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação Contemporânea) - Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru, PE, 2018.
MAGALHÃES, Priscila Maria Vieira dos Santos; GONÇALVES, Crislainy; ALMEIDA, Lucinalva de; OLIVEIRA-MENDES, Solange Alves de. Dos discursos aos sentidos: as práticas avaliativas de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, SP, v. 12, n. 1, p. 90-103, jan./abr. 2018.
MAINARDES, Jefferson. A escola em ciclos: fundamentos e debates. São Paulo: Cortez, 2009. (Coleção Questões de Nossa Época).
MARX, Karl. Os manuscritos econômicos e filosóficos. Lisboa: Edições 70, 1964.
OLIVEIRA, Solange Alves. Progressão das atividades de Língua Portuguesa e o tratamento dado à heterogeneidade das aprendizagens: um estudo da prática docente no contexto dos ciclos. 2010. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed. São Paulo: Ática, 2008.
PEREIRA, Maria Susley. Progressão continuada no Bloco Inicial de Alfabetização: por uma escola diferente da que conhecemos. Revista Com Censo, Brasília, Edição Especial, n. 3, p. 33-40, dez. 2015.
RAVITCH, Diane. Vida e morte do grande Sistema Escolar Americano. Como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Porto Alegre: Sulina, 2011.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. A avaliação na escola em ciclos. Brasília, DF: Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico - GEPA, 2013. Disponível em: http://gepa-avaliacaoeducacional.com.br/avaliacao-na-escola-em-ciclos/. Acesso em: 12 out. 2017.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Projeto de intervenção na escola: mantendo as aprendizagens em dia. Campinas, SP: Papirus, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista Série-Estudos permite a reprodução total em outro órgão de publicação mediante a autorização por escrito do editor, desde que seja feita citação da fonte (Série-Estudos) e remetido um exemplar da reprodução. A reprodução parcial, superior a 500 palavras, tabelas e figuras deverá ter permissão formal de seus autores.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.