Estado & Igreja na implantação da República Gaúcha: a educação como base de um acordo de apoio mútuo
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v0i27.214Resumo
O presente texto discute a implantação da República no Rio Grande do Sul, sob o ponto de vista do entrelaçamento de interesses que possibilitou o acordo de apoio mútuo entre o Estado republicano e a Igreja Católica, especialmente no que se refere às realizações educacionais. Há determinantes conjunturais e estruturais que possibilitaram essa parceria entre o poder político-administrativo, declaradamente orientado pela filosofia política de Augusto Comte, e a Igreja Católica, no momento, profundamente engajada no combate às teses laicas e aos movimentos seculares. Em primeiro lugar, Igreja e o Estado mantinham a mesma perspectiva de classe. Tanto o positivismo quanto o catolicismo do final do século XIX constituíram formas de racionalização da estrutura social capitalista. Há, também, significativos pontos de contato entre positivismo e catolicismo no que se refere às suas formulações sociológicas e morais. As questões urgentes, entretanto, eram jogadas no terreno prático e, nesse campo, não havia razões para hostilidades. Em termos educacionais, a ação conjugada do Estado e da Igreja produziu o efeito típico da sociedade de classes: duas redes de ensino. A pública, exclusivamente primária, voltada para as classes populares, formando trabalhadores; a particular, indo do primário ao nível superior, destinada às elites, formando os quadros do poder.
Referências
A FEDERAÇÃO. Editorial, 27/11/1889.
BASBAUM, Leôncio. História sincera da República.: das origens a 1889. 5. ed. São Paulo: Alfa-Omega, 1986. (v. 1)
BECKER, D. João. Discurso proferido por ocasião das solenidades cívicas promovidas pelo “Centro Republicano Júlio de Castilhos”, coadjuvado pelo “Centro Acadêmico de Direito”, em homenagem ao 30o Aniversário da proclamação da República brasileira. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1919.
CASTILHOS, Júlio de. Carta à Devoção do Menino Deus. In: ROSA, Othelo. Júlio de Castilhos (perfil biográfico e escritos políticos). Porto Alegre: Globo, 1930.
DAMIÃO, Eugênio. Histórico da Província do Brasil Meridional (1900-1950). Porto Alegre: Tip. Champagnat, 1950.
DE BONI, Luis A. O catolicismo da imigração: do triunfo à crise. In: DACANAL, José Hildebrando (Org.). RS: imigração & colonização. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 6. ed. Porto Alegre: Globo, 1984.
FRAGOSO, Hugo. A Igreja na formação do Estado liberal. In: BEOZZO, José Oscar (Coord.). História da Igreja no Brasil - Tomo II/2. Petrópolis: Vozes, 1980.
FRANCO, Sérgio da Costa. O sentido histórico da revolução de 1893. In: BARRETO, Abeillard et al. Fundamentos da cultura rio-grandense. Porto Alegre: Faculdade de Filosofia/Universidade do Rio Grande do Sul, 1962.
LOVE, Joseph L. O regionalismo gaúcho. São Paulo: Perspectiva, 1975.
MEIER, Johannes. As ordens e as congregações religiosas na América Latina. In: DUSSEL, Enrique (Org.). 500 anos de história da Igreja na América Latina. São Paulo: Paulinas, 1992.
MICELI, Sergio. A elite eclesiástica brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand, 1988.
PICCOLO, Helga I. L. Vida política no século 19. 2. ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1992.
RIBEIRO JÚNIOR, João. O que é positivismo. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
RIO GRANDE DO SUL. Constituição política do estado do Rio Grande do Sul, de 14 de julho de 1891. In: CONSTITUIÇÕES SUL-RIOGRANDENSES. Porto Alegre: Imprensa Oficial, 1963.
ROCHE, Jean. A colonização alemã e o Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1969. (v. 2).
VARGAS, Getúlio. Mensagem à Assembléia dos Representantes, 20/9/1929.
WILLEMS, Emílio. A aculturação dos alemães no Brasil. 2. ed. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1980.
ZAGONEL, Carlos Albino. Igreja e imigração italiana. Porto Alegre: EST/Sulina, 1975.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista Série-Estudos permite a reprodução total em outro órgão de publicação mediante a autorização por escrito do editor, desde que seja feita citação da fonte (Série-Estudos) e remetido um exemplar da reprodução. A reprodução parcial, superior a 500 palavras, tabelas e figuras deverá ter permissão formal de seus autores.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.