Estado & Igreja na implantação da República Gaúcha: a educação como base de um acordo de apoio mútuo
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v0i27.214Resumen
O presente texto discute a implantação da República no Rio Grande do Sul, sob o ponto de vista do entrelaçamento de interesses que possibilitou o acordo de apoio mútuo entre o Estado republicano e a Igreja Católica, especialmente no que se refere às realizações educacionais. Há determinantes conjunturais e estruturais que possibilitaram essa parceria entre o poder político-administrativo, declaradamente orientado pela filosofia política de Augusto Comte, e a Igreja Católica, no momento, profundamente engajada no combate às teses laicas e aos movimentos seculares. Em primeiro lugar, Igreja e o Estado mantinham a mesma perspectiva de classe. Tanto o positivismo quanto o catolicismo do final do século XIX constituíram formas de racionalização da estrutura social capitalista. Há, também, significativos pontos de contato entre positivismo e catolicismo no que se refere às suas formulações sociológicas e morais. As questões urgentes, entretanto, eram jogadas no terreno prático e, nesse campo, não havia razões para hostilidades. Em termos educacionais, a ação conjugada do Estado e da Igreja produziu o efeito típico da sociedade de classes: duas redes de ensino. A pública, exclusivamente primária, voltada para as classes populares, formando trabalhadores; a particular, indo do primário ao nível superior, destinada às elites, formando os quadros do poder.
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