Cenas da vida indígena na Literatura que chega às escolas
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v0i27.191Resumo
O que proponho, neste texto, é uma leitura, entre tantas possíveis, de obras de literatura infantil e infanto-juvenil que chegam às escolas. No foco de minha atenção estão alguns dos livros distribuídos às escolas públicas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola – PNBE – que abordam a temática indígena. Analiso algumas dessas obras, não para averiguar sua relevância, autenticidade ou a veracidade dos relatos, mas para indagar sobre as relações de poder que produzem e posicionam sujeitos indígenas e não indígenas nestes textos, levando em conta os saberes articulados ao caracterizar, posicionar, produzir as diferenças. Para a análise, apoio-me em noções de linguagem, representação, identidade, diferença, poder e verdade, tendo como principais aportes teóricos os escritos de Stuart Hall, Homi Bhabha e Foucault. As obras literárias analisadas neste estudo assumem diferentes perspectivas a partir das quais produzem, caracterizam e posicionam os povos indígenas: algumas delas dão visibilidade aos índios como sujeitos essenciais, fixos, presos ao passado, habitando naturalmente determinados lugares; outras ampliam este foco, permitindo pensar que os povos indígenas não são iguais entre si, não falam as mesmas línguas, não mantêm as mesmas práticas culturais e convivem em ambientes diversos, incluindo os centros urbanos.
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