Desafios epistemológicos emergentes na relação intercultural
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v0i27.181Resumo
A partir de um diálogo com intelectuais orgânicos Kaiowá-Guarani, Mbyá Guarani, Boe-Bororo e Terena (Brasil), busca-se entender os limiares epistemológicos da relação intercultural dos povos nativos com a sociedade brasileira. No entendimento da relação entre os seres humanos e a natureza, confronta-se a visão mítica de mãe-natureza com visão capitalista de terra-propriedade, o cuidado para com o ambiente opõe-se à prática econômica de exploração para o mercado. Já a organização social, para os aborígines, constitui-se preponderantemente pela cooperação e diálogo, ao contrário das formas bipolares de oposição partidária adotadas pela organização do Estado moderno. Entre os campos de mediação, encontram-se as histórias de vida, a linguagem, a escola, a economia, a religião. São campos profundamente conflituosos que sustentam processos de interações interculturais paradoxais e geralmente trágicos. Coloca-se o desafio “dialógico” de se compreender a diversidade de lógicas constituídas pelas diferentes culturas de modo que suas diferenças, na relação, não sejam anuladas, mas constituam campos de ambivalências potencializadores de saltos lógicos que tornem possível a compreensão dos paradoxos e o enfrentamento das situações-limites interculturais.
Referências
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