A escrevivência de professoras negras: Educação Infantil e relações étnico-raciais
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v29i67.1891Palavras-chave:
Educação Inafantil, Práticas antirracistas, ResistênciaResumo
O presente artigo traz à tona, por meio da ferramenta metodológica da escrevivência (Machado; Soares, 2017), os relatos de experiência de duas professoras negras das classes populares que atuam em espaços públicos de Educação Infantil. São espaços situados em municípios distintos, tais como Niterói e Nilópolis, que, embora com cenários diferenciados, apresentam-nos desafios cotidianos, sobretudo no que diz respeito às práticas racistas na escola. A partir disso, o objetivo é ampliar as discussões sobre as microações afirmativas (Jesus, 2004) que emergem nesses espaços, diante da prática pedagógica de mulheres negras, professoras e pesquisadoras comprometidas com uma pedagogia engajada (hooks, 2017), como um movimento de ativismo político nos espaços escolares. Atuamos, respectivamente, como professora e orientadora pedagógica, tendo como similaridade formas de atuar críticas aos padrões racistas existentes na sociedade. Nosso trabalho consiste em gerar resistências nos espaços escolares e contornar o absenteísmo ainda presente nos fazeres docentes. Buscamos criar oportunidades no cotidiano escolar e implementar diferentes estratégias para nos contrapor às práticas racistas, em busca de uma educação que favoreça uma identidade positiva para as crianças negras, propondo outros modos de ser e estar no mundo para crianças negras e não negras. Como apontamentos finais, trazemos a necessidade de continuarmos o debate antirracista nas escolas referenciadas, ampliando as microações afirmativas nos seus cotidianos.
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