PRORROGAÇÃO DO DOSSIÊ: Currículos afrocentrados: narrativas, autobiografias e cartas para uma educação antirracista

2023-11-01

Ementa:

Este dossiê aborda os aspectos éticos, estéticos, políticos e poéticos dos currículos, processos formativos e práticas de ensino antirracistas, com foco nos currículos afrocentrados. É importante ressaltar que os referenciais que historicamente influenciaram os estudos curriculares são predominantemente de origem masculina, não negra e de países ocidentais. Ao considerar as particularidades dos currículos com base na cultura negra, na perspectiva feminina, em comunidades periféricas, associadas às religiões de matriz africana, com influências da cultura afro-brasileira e adotando uma perspectiva decolonial, propomos a criação deste dossiê.

Nosso objetivo central é produzir textos escritos por autoras e autores negros que reavaliem as normas predominantes nos estudos de currículos. Para isso, priorizamos abordagens metodológicas que buscam uma ruptura com o paradigma eurocêntrico na pesquisa e na construção do conhecimento, utilizando metodologias qualitativas que se baseiam nas epistemologias afrodiaspóricas, como narrativas, autobiografias, cartas e outras formas de pesquisa que valorizam as perspectivas negras.

Queremos trilhar caminhos teóricosmetodológicos que se baseiam nas experiências e biografias de pessoas negras, que emergem de contextos como o “quarto de despejo”, bem como na cosmovisão africana.

Para Fanon (2006), o processo de superação do racismo passa pela conscientização das pessoas negras. Nesse sentido, temos como premissa a produção de textos que evidenciem as narrativas de si, as autobiografias e cartas que são produzidas por pesquisas que têm como bandeira “um currículo negro, uma educação negra...a negritude é a raiz da liberdade”.

Assim, este dossiê parte da compreensão de que precisamos repensar os modos metodológicos para “olhar currículos” de maneira complexa e produtiva. Nele, muitos saberes se entrelaçam e nutrem corpos, currículos, modos de ver, compreender, ler e se pensar, para além das políticas do silenciamento e da normalização.

Desejamos que este dossiê coloque em conversação diferentes criações tecidas a partir das cosmovisões raciais, modos outros de narrar a vida e a pesquisa em educação, vislumbrando compor uma constelação de artigos que orientem para outros possíveis, referenciados por e referenciando epistemologias negras.

Nos cotidianos escolares e para além deles, muitas são as redes de sujeitos que se desafiam na construção de modos outros de ser, estar, se relacionar, educar e viver, os quais afirmam a negritude como potência de existência, como força e riqueza ancestrais afirmativas do povo negro.